Introdução: Nos últimos quatro décadas, o número de nascimentos no estado de São Paulo registrou uma queda significativa, refletindo profundas mudanças demográficas que afetam a composição da população e trazem desafios à economia e às políticas públicas.
Tendência de redução dos nascimentos e transformação do perfil materno
De acordo com dados compilados pela Fundação Seade a partir dos registros civis, os nascimentos em São Paulo diminuíram cerca de 28,5% entre 1984 e 2024, saindo de aproximadamente 700 mil para menos de 500 mil crianças nascidas por ano. Essa redução se acentuou após 2018 e foi intensificada pela pandemia de Covid-19. Além da diminuição no total, observa-se também uma alteração no perfil das mães: em 2000, 73% delas tinham até 29 anos, mas em 2024 essa parcela caiu para 55%. Em contrapartida, o grupo de mães entre 35 e 39 anos dobrou sua representatividade, passando de 7,6% para 16,3%, indicando que o adiamento da maternidade é uma realidade crescente.
Principais mudanças no perfil materno
- Redução da proporção de mães jovens (até 29 anos) de 73% para 55% entre 2000 e 2024.
- Aumento da participação de mães entre 35 e 39 anos de 7,6% para 16,3% no mesmo período.
Consequências econômicas e sociais da baixa natalidade
A queda no número de nascimentos tem efeitos palpáveis na economia paulista e nacional. Com menos jovens entrando no mercado de trabalho, a oferta de mão de obra tende a diminuir, o que pode provocar elevação dos salários devido à escassez de trabalhadores em determinados segmentos. Para contornar essa situação, há uma pressão crescente para investir em automação e tecnologias que substituam parte da força humana.
Além disso, o sistema previdenciário sofre com o aumento da proporção de idosos em relação à população ativa. A razão entre pessoas economicamente dependentes e trabalhadores no Brasil subiu de 47,1% em 2010 para uma previsão de 67,2% em 2060, aumentando a pressão sobre a sustentabilidade da previdência e dos serviços de saúde pública.
Desafios para políticas públicas
Diante do envelhecimento populacional e da queda da natalidade, torna-se indispensável uma reestruturação das políticas públicas. Isso inclui investir em infraestrutura e serviços de saúde focados nos idosos, promover adaptações no mercado de trabalho para manter os mais velhos ativos e revisar o regime previdenciário visando sua longevidade. Estes ajustes são essenciais para garantir qualidade de vida e equilíbrio econômico.
O fenômeno observado em São Paulo reflete uma tendência global, com a expectativa de vida aumentando mundialmente e a taxa de fecundidade caindo rapidamente em países emergentes. Por exemplo, enquanto a média de filhos por mulher no Brasil era de 6,1 em 1960, hoje está em cerca de 1,6. Sem reformas estruturais nesses sistemas, o equilíbrio entre trabalhadores e aposentados continuará a se deteriorar.
Conclusão
O declínio dos nascimentos em São Paulo e o envelhecimento populacional configuram um cenário que impacta diretamente a economia, o mercado de trabalho e a previdência. Para enfrentar esses desafios, é fundamental que o governo e a sociedade adotem políticas que promovam a sustentabilidade social e econômica, valorizando a educação, a saúde e a adaptação do mercado às novas realidades demográficas.