Introdução: O primeiro trimestre de 2025 trouxe números positivos para o Bradesco, surpreendendo analistas com um lucro superior ao previsto e uma melhora significativa no retorno sobre o patrimônio líquido (ROAE). Contudo, a trajetória de recuperação ainda enfrenta desafios, principalmente relacionados às receitas e despesas não ligadas a juros, que devem continuar influenciando os resultados.
Desempenho financeiro e indicadores de rentabilidade
O Bradesco reportou um lucro líquido de R$ 5,86 bilhões, superando as expectativas do mercado. O ROAE alcançou 14,4%, refletindo um avanço gradual desde o final de 2023. Esse índice, embora em crescimento, ainda está abaixo do potencial ideal e do custo do capital próprio.
Além disso, o capital de nível 1 do banco subiu para 13%, uma melhora de 0,6 ponto percentual em relação ao último trimestre de 2024, enquanto o índice de capital principal passou de 10,5% para 11,1%. Esses dados indicam uma maior solidez e controle na qualidade dos ativos.
Análise dos especialistas
- Analistas do Citi destacaram uma melhora estruturada na receita orgânica, apontando que esse foi o primeiro trimestre em que o crescimento ocorre sem variações abruptas nas demais linhas.
- O JPMorgan ressaltou a evolução da margem financeira, com alta de 13,7% em relação ao ano anterior, e crescimento de 12,9% no crédito, além da contenção das despesas operacionais, abaixo das projeções.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar dos resultados fortes, o Bradesco mantém uma visão cautelosa para 2025. A expectativa é que o aumento das receitas continue sendo o principal motor para a melhora da rentabilidade, embora as receitas e despesas não originadas de juros permaneçam como fonte de pressão nos resultados.
Também foi observada uma queda nos depósitos à vista, que diminuiu significativamente nos últimos trimestres. A captação de recursos de clientes apresentou crescimento modesto, insuficiente para acompanhar o ritmo do crédito.
O banco está em processo de transformação contínua sob a liderança de sua presidência-executiva, um esforço que deve levar tempo devido à complexidade e porte da instituição.
Conclusão
Os resultados do primeiro trimestre indicam que o Bradesco está em um caminho de recuperação, com melhorias relevantes em lucro e indicadores de capitalização. No entanto, a amplitude e a profundidade dos desafios envolvidos sugerem que avanços consistentes dependerão de um processo gradual. A cautela dos analistas reforça a ideia de que, apesar dos sinais positivos, momentos de volatilidade ainda podem ocorrer enquanto o banco consolida sua transformação.
